A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) fez um alerta sobre o uso do cigarro eletrônico, também conhecido como “vape”, cada vez mais comum no Brasil. Mesmo com a comercialização e a importação proibidas no país, observa-se que o uso é maior, principalmente entre adolescentes e jovens.
Os dispositivos eletrônicos para furma (DEFs) ou cigarros eletrônicos (também chamados de vapes, e-cigarros ou pen drive) são dispositivos mecânico-eletrônicos alimentados por bateria que exalam um aerossol contendo nicotina, entre outras substâncias.
Muitos são iludidos e acreditam que cigarros eletrônicos podem ajudar as pessoas a deixarem de fumar cigarros comuns e que eles são “saudáveis” por exalar apenas “vapor de água”, não contendo substâncias tóxicas e perigosas. Mas, ao contrário do que a indústria do tabaco vem propagando, os cigarros eletrônicos não trazem nenhuma vantagem. Eles contêm nicotina, droga que leva à dependência.
“As pessoas não sabem exatamente o que estão consumindo”, explica a Dra. Aknar Calabrich, também integrante do Comitê de Tumores Torácicos da SBOC. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o cigarro eletrônico ainda funciona como porta de entrada para o tabagismo tradicional (que tem ligação direta com o surgimento de câncer de pulmão), aumentando em mais de três vezes o risco de experimentação do cigarro.
Os vapes contêm mais de 80 substâncias químicas, incluindo cancerígenos comprovados. O uso da nicotina aumenta o risco de trombose, acidente vascular encefálico (AVE), hipertensão e infarto do miocárdio, entre outros. Segundo o Instituto Nacional o cigarro eletrônico pode causar também doenças respiratórias, como o enfisema pulmonar, dermatite e câncer.
De acordo com Stella Martins, especialista em dependência química da área de Pneumologia no Hospital das Clínicas (HC) da USP os usuários têm 42% de chance a mais de terem um infarto do que aqueles que não usam o produto. Os cigarros eletrônicos possuem o que é denominado de supernicotina, que é o sal de nicotina, muito mais potente que a substância presente nos cigarros tradicionais.
Stella explica que o cigarro tradicional no Brasil tem um limite de 1 mg de nicotina por cigarro, enquanto os eletrônicos, chegam até 57 mg da substância por ml do líquido.
Em 2009, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a venda e a propaganda dos cigarros eletrônicos no país. Mas sua comercialização pela internet é intensa. Agora, a ANVISA está na fase final de elaboração de seu posicionamento quanto à liberação do uso dos DEFs.
De acordo com Resolução (RDC) nº 46/2009 da ANVISA, a comercialização, venda e divulgação de cigarros eletrônicos é proibida no Brasil. Mesmo assim, pessoas de todas as idades têm fácil acesso a esses dispositivos, que podem ser encontrados ilegalmente na internet ou no comércio informal.
Orientação e conscientização
É muito importante levar a informação, orientação para os usuários e para a sociedade, a fim de disseminar a conscientização acerca do cigarro e orientar a buscar ajuda com um profissional especializado em casos de dependência.