Fruto da palmeira juçara vira fonte de renda e preservação da Mata Atlântica

Palmeira de porte médio para grande, que pode atingir entre 8 e 15 metros de altura e 15 centímetros de diâmetro. Tem tronco fino e alto. A sua floração é branca e em cacho. Quando maduros, os frutos são negros. A semente, única, é envolta por polpa fibrosa comestível, embora in natura não tenha um sabor muito agradável.

Palmeira de mata atlântica, ocorria de maneira expressiva e dominante por toda a floresta, entretanto sua exploração predatória pelo palmito, tornou-a quase extinta em várias regiões. Seus frutos que, amadurecem por todo o outono e inverno, são de grande importância para a alimentação das aves.

A existência desta planta neste habitat deve-se a alguns fatores únicos e primordiais: temperaturas médias de 17ºC a 26ºC; solo fértil com textura arenosa e argilosa; e a uma drenagem de água de boa para regular. Vale dizer: chão encharcado e argila pesada não combinam com esta espécie. E esta simbiose não é só da mata e do palmito.

A sua semente e fruto alimentam diversos animais, que vão de tucanos, sabiás e periquitos, à maritacas, jacus, tatus e capivaras, entre outros. Detalhe: por frutificar no inverno, período em que a maioria das outras árvores está sob estresse hídrico devido ao período seco, o palmito juçara torna-se fundamental à manutenção desses bichos. E não são só a eles. Serve de alimento também para o homem, já que suas palmeiras fornecem frutos, açúcar, óleo, cera, fibras, material para construções rústicas, matéria-prima para a produção de celulose, entre outras aplicações.

Uma curiosidade: apesar de ter uma frutificação abundante (cerca de três mil sementes/ano), apenas 20% desse total vira uma árvore. E uma das maiores ameaças ao palmito-juçara, além da redução e destruição de seu habitat, é o palmiteiro ilegal, que derruba as árvores sem perdão e sem prisão (já que quase sempre escapam ilesos do crime ambiental, já que uma palmeira derrubada implica também em tirar o alimento da boca de 40 espécies de mamíferos e aves).

A Mata Atlântica, reserva natural que hoje está restrita a 7% do território brasileiro, é a “casa” do palmito juçara. E a sua preservação está diretamente ligada à manutenção desta floresta.

Então saiba que os frutos da juçara ou palmeira-juçara que ocorre na Mata Atlântica, são o equivalente sulista ao açaí do Norte. Pessoalmente, gosto mais do juçaí, pois acho o sabor mais suave do que o açaí comercial que conhecemos. Os sabores são mais bem comparados e apreciados quando se prova as polpas ao natural, sem adição de açúcar. A versatilidade de usos, o sabor e a composição nutricional do açaí e do juçaí são muito semelhantes: puro, gelado ou natural, doce ou salgado, com peixe, granola, farinha, sorvete ou suco, é muito bom de qualquer jeito!

Usos: Por muitos anos o principal uso da juçara foi a extração de palmito, de sabor adocicado, é apreciado na culinária por conter poucas fibras e ser muito macio, ideal para o consumo in natura, conservas e na elaboração de pratos diversos. O uso da polpa dos frutos como alimento não é novidade no Sul do Brasil, pois alguns registros históricos confirmam seu uso pelas comunidades locais desde o começo do século XIX. A polpa natural (sem aditivos) é uma emulsão de cor púrpura, rica em antioxidantes (antocianinas), alto valor energético e nutricional, baixo índice glicêmico (pode ser usado por diabéticos), elevadas quantidades de ácidos graxos insaturados (ômega 3) e micronutrientes. A polpa ainda é usada na produção de cosméticos, protetores solares, corantes naturais e óleo. O uso medicinal da polpa ainda está em estudo, mas a principal linha de ação aponta para a obtenção de produtos com potencial antioxidante para o tratamento de doenças cardiovasculares. A palmeira é muito elegante e pode ser usada com sucesso no paisagismo, de forma isolada, em conjuntos ou combinada com outras espécies, sua presença proporciona um visual leve e sofisticado ao jardim.

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