Capital libanesa contabiliza os danos após duas explosões em sequência na região portuária. Impacto foi sentido a quilômetros de distância.
Duas enormes explosões em sequência sacudiram Beirute nesta terça-feira (04/08), deixando dezenas de vítimas. Uma grande nuvem de fumaça no céu da capital do Líbano podia ser vista a quilômetros de distância. Segundo dados preliminares do Ministério libanês da Saúde, ao menos 50 pessoas morreram e quase 3 mil ficaram feridas.
Imagens divulgadas pela imprensa libanesa mostravam pessoas presas em escombros após as explosões ocorridas na região portuária da cidade, cuja origem ainda não foi ainda esclarecida.
A primeira explosão parece ter tido origem num depósito de fogos de artifício. A segunda, muito mais potente, parece ter sido potencializada por um grande de silo de grãos que ficava ao lado depósito. Testemunhas relatam que o impacto das explosões pode ser sentido a quilômetros de distância.
O distrito comercial de Hamra também sofreu danos, com vitrines e fachadas de lojas destruídas e vários automóveis danificados. Alguns bairros sofreram cortes no fornecimento de energia.
O primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, afirmou que o país entrará em luto oficial nesta quarta-feira. "Prometo a vocês que esta catástrofe não passará impune. Os responsáveis pagarão por isso", disse Diab, em discurso transmitido pelas emissoras do país. "Os fatos sobre esse perigoso armazém, que está no local desde 2014, serão divulgados. Não vou comprometer a investigações."
O chefe da segurança interna do Líbano, Abbas Ibrahim, disse que uma das explosões ocorreu em um local que abrigava material altamente explosivo confiscado anos atrás pelas autoridades. Ele evitou especular sobre os motivos do incidente. "Não podemos nos antecipar às investigações" afirmou. O presidente Michel Aoun convocou uma reunião de emergência do Conselho Nacional de Defesa.
Relatos na imprensa local afirmam que o ministro libanês do Interior, Mohammed Fahmi, teria confirmado que um depósito do porto de Beirute armazenava nitrato de amônio, material utilizado na fabricação de bombas, que teria sido a causa do incidente. A emissora libanesa Mayadeen citou o diretor nacional de alfândegas do país dizendo que toneladas dessa substância teriam explodido.
O diretor da Cruz Vermelha no Líbano, George Kettaneh, afirmou que centenas de feridos foram levados para os hospitais, mais muitos outros ainda estão presos em edifícios na área mais atingida pela explosão. A emissora libanesa LBCI relatou que o hospital Hotel Dieu tratava mais de 500 feridos, entre os quais, dezenas de pessoas necessitavam de cirurgias. O local já estava no limite de sua capacidade. Os médicos lançaram um apelo por doações de sangue.
As explosões ocorreram em um momento em que o Líbano atravessa a pior crise econômica em décadas, que deixou quase a metade da população na pobreza. A economia entrou em colapso nos úlltimos meses, coma moeda local, a libra libanesa, perdendo cada vez mais valor em relação ao dólar. Várias empresas fecharam no país e o desemprego atinge níveis alarmantes.
O país aguarda para esta sexta-feira o veredito do julgamento dos acusados pelo assassinato do premiê Rafic Hariri, morto em um atentado com um caminhão-bomba em 2005. Quatro supostos membros da grupo fundamentalista xiita Hizbolá são julgados in absentia em um tribunal na Holanda pelo ataque que matou e ex-líder e outras 21 pessoas.
O Líbano ainda vive um acirramento das tensões com o país vizinho Israel, após o governo israelense anunciar que deteve quatro milicianos do Hizbolá que tentavam se infiltrar no país, o que o grupo nega.