Vídeo: A história dos Trapalhões na TV

No início dos anos 1970, Renato Aragão, Manfried Sant’Anna (o Dedé Santana), Roberto Guilherme e o novato Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum (integrante do grupo Originais do Samba) foram contratados para atuar na TV Record, dando origem ao programa Os Insociáveis. Foi somente na TV Tupi, algum tempo depois, que eles adotaram de vez o nome Os Trapalhões. Nessa fase da Tupi, Mauro Faccio Gonçalves, o Zacarias, juntou-se ao grupo. O programa fez grande sucesso.

Em 1977, o Diretor de operações da Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, convidou os Trapalhões para levar seu programa para a emissora. Renato Aragão conta que temia aceitar a proposta. Afinal, na Tupi, ele tinha toda a liberdade para ser irreverente o quanto quisesse. A Globo era conhecida pelo seu famoso padrão de qualidade, e o humorista não tinha certeza se os Trapalhões se encaixariam nele. Para não ter que recusar formalmente a proposta, ele chegou a fazer uma lista de exigências de três páginas na qual determinava quais seriam o diretor, redator e o horário do programa. Para sua surpresa, Boni aceitou sem questionamentos as exigências. Os Trapalhões mudaram, então, de emissora.

Para marcar a presença dos humoristas, dois especiais foram ao ar na Rede Globo em 07 de janeiro e 05 de fevereiro, antes mesmo da estreia oficial de Os Trapalhões. Exibidos às 21h na Sexta Super, faixa de programação noturna que, por conta do horário, era orientada para adultos – os especiais apresentavam vários quadros curtos e algumas cenas externas marcados pelo humor típico do grupo, que reunia no mesmo esquete doses de pastelão, nonsense, gags visuais e improvisos.

Os Trapalhões estreou em março de 1977, aos domingos, antes do Fantástico. O programa apresentava uma sucessão de esquetes entremeados com números musicais, exibidos sem aparente conexão, exceto a presença dos próprios Trapalhões. O quarteto era formado a partir de uma mistura de perfis: um nordestino que driblava as dificuldades com sagacidade, um galã de periferia, um malandro do morro e um mineiro matuto. Entre as atrações, um quadro mais longo, cheio de ação e diálogos, podia ser seguido por uma sucessão de gags visuais curtas e um quadro fixo como o Trapaswat, uma paródia do seriado americano Swat.

O diretor Augusto César Vannucci citava as chanchadas e a comédia pastelão como principais referências, mas não havia um formato pré-estabelecido. Segundo Renato Aragão, qualquer ideia podia virar um esquete a qualquer momento. Ele conta que, certa vez, a caminho do estúdio, ouviu no rádio a canção Teresinha, de Chico Buarque. Achou que a letra – a história de vários amores do ponto-de-vista de uma mulher – daria um quadro para Os Trapalhões. Ao chegar ao Teatro Fênix, onde era gravado o programa, escreveu ele próprio o esquete e, no mesmo dia, gravou uma espécie de videoclipe satírico no qual o quarteto interpretava os personagens da música. A cena com Didi vestido de Maria Bethânia, com as pernas cabeludas, se tornou clássica e a imitação ressurgiu diversas vezes ao longo de vários episódios do programa.

Foi a primeira de uma série de paródias de musicais que marcaram o humorístico. Os Trapalhões também costumavam participar dos números dos cantores convidados. Quando Ney Matogrosso foi ao programa, Didi estava trajando figurinos e maquiagem idênticos aos dele, por exemplo. Situação parecida aconteceu em outras ocasiões com outros artistas, como Amelinha, Elba Ramalho e Tony Tornado. Outra paródia memorável foi a canção Paralelas, de Belchior, em que Didi cantava: “No Cracovado, quem abre os braços sou eu”

 

 

 

 

Você pode gostar

Nas noticias
Carregar Mais