Morre o catarinense João Steiner, astrônomo reconhecido no Brasil
Natural de São Martinho, Steiner era professor titular da USP na área de pesquisa astrofísica estelar e extragaláctica.
Docentes da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) publicaram uma nota de pesar pela morte do professor João Steiner, de 70 anos, ocorrida nesta quinta-feira dia 10 de setembro 2020.
Assinaram a nota, professores do CFM (Centro de Ciências Físicas e Matemáticas), em Florianópolis, e do CTS (Centro de Ciências, Tecnologias e Saúde), do campus em Araranguá.
Catarinense nascido em São Martinho, Steiner era professor titular da USP (Universidade de São Paulo), na área de pesquisa astrofísica estelar e extragaláctica. Ele teve diversas colaborações com docentes-astrônomos da UFSC.
Steiner também foi secretário-geral da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), ocupou a Secretaria de Coordenação das Unidades de Pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e dirigiu o IEA (Instituto de Estudos Avançados) da USP
Confira a íntegra da nota de pesar:
É com profundo pesar que nós, os docentes da UFSC, recebemos a notícia do falecimento do Prof. João Evangelista Steiner na manhã de hoje, dia 10 de setembro de 2020. Catarinense de São Martinho, ele era professor titular do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP.
Sua área de pesquisa era a astrofísica estelar e extragaláctica (núcleos ativos de galáxias). Ao longo de sua carreira, dedicou-se à orientação em todos os níveis, da iniciação científica ao pós-doutorado. Teve contribuição intensa na formação (orientações, participação em bancas, apresentação de palestras) e no estabelecimento de colaborações com os docentes-astrônomos da UFSC em Florianópolis.
Cientista com grande capacidade de comunicação e professor de didática ímpar, serviu de inspiração para muitos cientistas e despertou o interesse na Astronomia de muitos. Com sua fala calma e precisa, conseguia comunicar-se com igual fluência com cientistas, estudantes, leigos, administradores e políticos.
No início do desenvolvimento da astronomia brasileira, trabalhou intensamente na modernização do Observatório do Pico dos Dias (OPD) e na criação do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA/MCTI) na década de 80. O OPD foi fundamental para a consolidação da Astronomia Observacional no Brasil.
São valiosíssimas as lembranças das noites escuras do OPD em nossas carreiras. Abraçou um dos grandes sonhos da comunidade astronômica brasileira, que era a construção de um telescópio, na época, de grande porte. Esse sonho finalmente concretizou-se com o telescópio SOAR, um moderno telescópio de 4 m localizado no Cerro Pachón no Chile. João teve um papel importantíssimo nesse processo, não só como incentivador e negociador dentro da comunidade astronômica mas também fora dela procurando via FAPESP e CNPq financiar o projeto.
A comunidade astronômica usa esse telescópio desde 2004. Inúmeros projetos, artigos, estudantes, dissertações, teses, descobertas já brotaram no SOAR. Quase simultaneamente também nos tornamos parceiros de um dos maiores telescópios do mundo, os telescópios Gemini.
Novamente um esforço coletivo da comunidade, no qual o Prof. Steiner teve grande participação combinando interesses de inúmeros pesquisadores. Atualmente estava profundamente envolvido com a participação brasileira no telescópio GMT, um dos grandes telescópios da nova geração.
A Astronomia Brasileira perdeu uma de suas grandes estrelas. O Prof. João fará muita falta.