Russos e belarussos são excluídos dos Jogos Paralímpicos

O Comitê Paralímpico Internacional (CPI) voltou atrás e anunciou nesta quinta-feira (03/03) que os atletas russos e belarussos estão excluídos dos Jogos Paralímpicos de Inverno, em Pequim, devido à invasão da Ucrânia por Moscou. A decisão ocorre um dia depois que o CPI permitiu a presença dos atletas dos dois países no evento, porém, com bandeira neutra e sem aparecer no quadro de medalhas. O argumento usado foi que "os atletas não eram os agressores".

Mas a presença de russos e belarussos no evento levou a protestos e ameaças dos Comitês Paralímpicos Nacionais de boicotar os Jogos, afirmou o presidente do CPI, Andrew Parsons, em entrevista coletiva em Pequim. "Eles disseram que, se não reconsiderássemos nossa decisão, era provável que haveria graves consequências para os Jogos de Inverno", explicou. Belarus também foi excluída dos Jogos por ser uma área-chave para a invasão russa, que foi lançada há uma semana. Parsons afirmou que estava claro que a situação colocou sua organização numa "posição única e impossível" e que os atletas russos e bielorrussos foram vítimas das ações de seus governos.

"O bem-estar do atleta sempre será uma prioridade para nós", contou. "Se os atletas russos e belarussos ficassem em Pequim, outras nações provavelmente se retirariam e os Jogos não seriam viáveis." A Rússia chamou de "desgraça" a decisão de última hora do CPI de banir seus atletas dos Jogos Paralímpicos de Pequim. "A situação é monstruosa, é claro. Isso é uma vergonha para o Comitê Paralímpico Internacional", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. "Condenamos fortemente o Comitê Paralímpico Internacional por esta decisão."

Delegações russa e belarussa deixarão Pequim

O veredito desta quinta-feira foi condenado por vários órgãos esportivos, com muitos pedindo ao CPI que reverta sua decisão. As delegações russa (71 pessoas) e belarussa (12 integrantes) estão em Pequim, já que os Jogos começam nesta sexta-feira.

O Comitê Paralímpico da Ucrânia saudou a decisão e agradeceu à comunidade esportiva por se unir a eles. "Uma decisão justa, uma decisão contra um país que iniciou esta guerra", disse o presidente do comitê, Valeriy Sushkevych, em entrevista coletiva.

"Agora a Rússia deve deixar os Jogos o mais rápido possível. Também gostaríamos de agradecer a todos pelo apoio. Recebi tantas mensagens nos últimos dias. É hora de parar com essa guerra terrível", comentou Sushkevych.

A proibição obteve o apoio do Comitê Paralímpico da Polônia, que disse que seria inimaginável que atletas da Ucrânia, Rússia e Belarus competissem no mesmo lugar.

"A decisão tomada hoje foi, em nossa opinião, a única possível. A Rússia, com o apoio de Belarus, violou agressivamente a lei internacional e invadiu outro país-membro paralímpico e nosso vizinho próximo", disse o comitê polonês em comunicado enviado à agência de notícias Reuters.

Relatório: invasão russa apenas após os Jogos

Um relatório de serviços ocidentais de inteligência aponta que a China pediu que as lideranças russas esperassem pelo fim dos Jogos Olímpicos de Inverno, realizado em Pequim entre 4 e 20 de fevereiro, para iniciar a invasão à Ucrânia. A informação foi obtida pelo jornal New York Times junto a funcionários dos EUA e de um país europeu.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, autorizou em 21 de fevereiro o envio de militares para as áreas dominadas por separatistas Donetsk e Lugansk, e deu o sinal verde para a invasão três dias depois.

Ainda de acordo com o NYT, o relatório aponta que "altos funcionários chineses tinham algum nível de conhecimento sobre os planos ou intenções de guerra da Rússia antes do início da invasão" e que "autoridades americanas e europeias acham difícil acreditar que seja mera coincidência que a invasão de Putin não tenha começado antes dos Jogos".

Embora o pedido tenha sido feito no começo de fevereiro – época em que Putin visitou Pequim para a abertura dos Jogos de Inverno e se encontrou com o presidente chinês, Xi Jinping, –, não ficou claro no relatório se Putin abordou o assunto diretamente com o líder chinês.

Durante a visita, os dois países anunciaram uma parceria estratégica "sem limites" e declararam que "não tolerariam tentativas estrangeiras de minar a estabilidade de suas regiões e combateriam qualquer interferência e apoio a revoluções em suas áreas de influência".

A China negou essa acusação, a qual classificou com notícia falsa e uma tentativa de "desviar a atenção e transferiria a culpa" pelo conflito. O porta-voz do Ministério do Exterior chinês, Wang Wenbin, acusou ainda de Washington de provocar a guerra ao não descartar o ingresso da Ucrânia na Otan. Pequim vem evitado condenar a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Redação: Fonte: DW Brasil

 

 

 

 

 

 

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