Vinhedos são devastados por enchente no RS e setor luta pela recuperação

Depois de algumas safras ruins em função da seca, este ciclo também não foi bom para a produção de uva no Rio Grande do Sul. Os vinhedos já haviam sofrido com granizo e agora muitos foram devastados pela enchente que atingiu o estado. O setor lançou uma campanha para incentivar a recuperação.

Flávio Ceregatti tem 65 anos, 50 deles dedicados à uva, no município de Coronel Pilar, na Serra Gaúcha. Os acessos à região ainda são difíceis, com estradas quase intransitáveis. Os 6 hectares de uvas destinados à produção de suco de Ceregatti foram soterrados com o deslizamento de um morro, com a terra destruindo o que encontrou pela frente.

   

Nós fomos plantando um pedaço por ano, porque o custo é alto. Estamos agora fazendo as contas e devemos ter perdido uns 4 hectares de parreiras”, diz o produtor.

Com poucos dias de sol, o solo permanece úmido e há dificuldade até para acessar áreas atingidas pelo excesso de chuva. Ainda não dá para contabilizar com precisão o prejuízo, mas é possível ver parreiras cultivadas há décadas no chão, retorcidas. Tudo terá que ser arrancado e replantado, caso o produtor queira continuar na atividade.

Como os vinhedos ficam em regiões de serra, as áreas são mais propícias a deslizamentos. Mas nunca se viu nada parecido. A Emater-RS estima que pelo menos 500 hectares foram danificados. O Rio Grande do Sul tem 44 mil hectares de vinhedos, e 2% deles estariam comprometidos. O total ainda pode crescer, conforme os técnicos forem acessando as propriedades.

A região é a maior produtora de vinhos, sucos e espumantes do Brasil, com 550 vinícolas e cooperativas. A uva representa quase R$ 2 bilhões no valor bruto da produção (VBP) do estado. No ano passado, foram 718 milhões de quilos colhidos e 472 milhões de litros de bebidas feitas a partir das uvas.

Estamos num parreiral plantado pelo meu bisavô há quase 100 anos, e nunca vi uma coisa igual a essa tragédia. Mas temos que erguer a cabeça, pois temos saúde, e vamos reconstruir”, afirma Flávio Rotava, dono de uma vinícola na região.

Fonte: Canal Rural 

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