O lixo segue um caminho longo até chegar aos oceanos e muitas vezes vem de lugares distantes, sem o descarte adequado, vai para os lixões que muitas vezes são próximos a cursos d’água ou são descartados em terrenos baldios, rua ou mesmo em rios, estes que terão como destino final o mar. Para se ter uma ideia do volume de lixo que chega aos mares e oceanos, a International Solid Waste Association (Associação Internacional de Resíduos Sólidos) realizou um estudo sobre poluição marinha e constatou que 25 milhões de toneladas de resíduos são despejados nos oceanos todo ano, sendo que 80% deste total são provenientes de cidades. O estudo ainda indicou que metade do lixo que termina nos oceanos é plástico, ou seja 12,5 milhões de toneladas de plástico.
De acordo com Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais - ABRELPE o Brasil colabora com pelo menos 2 milhões de toneladas do volume total de lixo oceânico: o equivalente à área de 7 mil campos de futebol. As previsões foram conservadoras no sentido de excluir lixões irregulares em áreas muito afastadas do mar, como o Pantanal e a Amazônia. O volume poderia chegar a 5 milhões de toneladas se essas regiões fossem incluídas.
Segundo uma matéria publicada pelaI berdrola, existem 5 ilhas de plástico flutuantes que afetam todo ecossistema marinho, um exemplo é a ilha de lixo do Pacífico Norte que tem uma extensão do tamanho da França, Espanha e Alemanha juntas. É um resultado de mais de seis décadas de descarte inadequado de lixo que foi parar nos oceanos. De acordo com estimativas de uma pesquisa da Universidade da Califórnia, colocamos nos oceanos 8,3 bilhões de toneladas de polímeros em termos globais. A maioria do poluente é microplástico.
Em uma entrevista concedida para a Natura em 2019, o professor Alexander Turra (Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo – USP) alertou que “a ingestão de resíduos plásticos provoca a perfuração do tubo digestivo dos animais podendo levar à morte. Aqueles que concentram muitas partículas de microplásticos no seu interior ficam com uma sensação falsa de saciedade e não se alimentam adequadamente. Assim, eles perdem energia, capacidade de locomoção, de crescimento e reprodução, gerando seu desfiamento”. Adicionalmente, o professor disse que “as redes de pescas perdidas no ambiente marinho afetam o meio. É um fenômeno conhecido como ‘pesca fantasma’. Ela provoca a morte da fauna local e gera impacto tanto para a biodiversidade quanto para os próprios recursos pesqueiros”.
Resolver a poluição marinha não é tarefa fácil e nem rápida, uma vez que a quantidade de produtos, principalmente plásticos, continuará a ser produzida em larga escala e educar e conscientizar pessoas também não é tarefa fácil, requer empenho, persistência e deve-se começar com as crianças.
Redação: bbcnewsbrasil